ORIGEM E EVOLUÇÃO DO DISTRITO DE LAGOA CLARA
Graduado
em Licenciatura em Geografia pela Universidade do Estado da Bahia – Campus VI –
Caetité – BA.
imagens adaptadas por welques santana
O povoamento do
atual distrito de Lagoa Clara teve início no século XIX, estes primeiros
habitantes se fixaram no local atraído principalmente pelos solos férteis,
campo de pastagens naturais propicia a criação de bovino, caprino e ovino, e
também pela a água de boa qualidade encontrada no subsolo a pouca profundidade
e em lagoas naturais. (SILVA, 2000)
A sede do
distrito teve como primeiros moradores: Joaquim das Neves, Inácio Loiola e
Herculano Silva Lessa com suas respectivas famílias e as casas mais antigas com
arquitetura do século XIX ainda existentes estão localizados na Praça da Igreja
de Senhora Santana, (conforme figura 01) atualmente propriedades de Antônio
Oliveira Filho (Nininho) e Afrânio Borges, este ultimo reside na cidade de
Macaúbas. (SILVA, 2000)
Figura 01 - Casa de Arquitetura do Século XIX
Localizada na Praça Senhora Santana - 2010
Fonte:
Pesquisa de campo, 2010
Foto:
Alexandre Oliveira Magalhães, 2010
Entre os anos de
1815 e 1820 houve um rápido processo de aglomeração populacional, sendo uns dos
fatores que contribuíram para a criação do distrito em 1822, com o topônimo de
Arraial Santana de Lagoa Clara, por ter Senhora Santana como padroeira do novo
distrito, conforme figuras 02 e 03. (SILVA, 2000)
Figura 02 - Igreja Senhora Figura 03 - Igreja
Santana de Lagoa Clara -frontal- 2010 Senhora Santana -lateral-
2010
O nome Lagoa
Clara é referência a uma lagoa natural de águas cristalina, atualmente
conhecida com o nome de Lagoa Redonda, conforme pode ser visto na figura 04,
que segundo informações de moradores mais antigos a referida lagoa foi quem deu
o nome ao distrito.
Figura 04 - Lagoa Redonda – Lagoa Clara –
Macaúbas – BA - 2010
Fonte:
Pesquisa de campo, 2010
Foto:
Alexandre Oliveira Magalhães, 2010
No inicio da década de 1930, Lagoa Clara sofre uma grave crise
relacionadas especialmente aos fatores socioeconômicos, sobretudo pelo fato
destes serem de forma incipientes baseados na pecuária e na agricultura de
subsistência, esta crise foi causada principalmente pela seca que comprometeu a
produção e a economia do lugar e que foi aprofundada pela ausência de uma
política publica, especificamente da administração do poder local, para
resolver os problemas que afetaram de forma expressiva a qualidade de vida da
população do distrito, que segundo SILVA (2000) e informações dos moradores
este período ficou conhecido popularmente como a “Fome de 32”[1].
Em 1936, Lagoa Clara perde a condição de distrito do município de
Macaúbas, situação que se mantem até 1953, quando é restabelecida a sua condição
de distrito novamente pela Lei Estadual nº 628 de 30 de dezembro de 1953, para
o período de 1954 a 1958 e condição que continua até os dias atuais. (IBGE,
1958; SILVA, 2000)
Outro aspecto
importante diz respeito à implantação do cartório que ocorreu no ano de 1830 e
funcionou até o ano de 1943 quando foi transferido para Botuporã e sendo
restaurado em 1953, mesmo ano que Lagoa Clara volta à condição de Distrito e
funciona até os dias atuais.
A primeira
escola construída data da década de 1920 (o prédio não existe mais), em 1938
houve uma reestruturação da educação quando foi construído um novo prédio no
povoado e no fim da década de 1940 o lugar era contemplado com uma Escola
Estadual. Esta por sua vez teve sua estrutura comprometida em virtude de uma
forte chuva no fim dos anos de 1960, então foi demolida e construiu em seu
lugar a Escola Municipal de Lagoa Clara, atualmente Escola Municipal Professora
Alcides Leão Costa e na década de 1980 é construído o Colégio Municipal
Laudelino Batista Nobre para o funcionamento do ensino fundamental completo
(alfabetização ao 9º ano). (SILVA, 2000)
Na sequência destacam-se
alguns aspectos relevantes para a história de Lagoa Clara: a construção do
posto de saúde em 1978; a implantação do sistema de energia elétrica em 1986;
instalação do sistema de água em 1990; o Posto Telefônico em 1993 e os Correios
em 2001, tudo isso na sede do distrito. E nos povoados de Capão, Lagoa Comprida
e Quebra a implantação do sistema de água encanada em 1996 e em Beira Rio no ano de
2001, também em 2001 foi instalado e ampliado o sistema de energia elétrica nos
povoados do Quebra, Lagoa Comprida e Capão e em 2007 foi instalada a energia
elétrica em Beira Rio.
Outro fato que
está na memória dos moradores do distrito até hoje, é a festa realizada para
comemorar o retorno da imagem de Senhora Santana, padroeira do distrito que
tinha sido roubada, fato que comoveu todo o distrito e as localidades
circunvizinhas, esta festa religiosa ocorreu no dia 13 de setembro de 1985, e a
partir desta data o feriado de Santana em Lagoa Clara foi
transferido de 26 de Julho para 13 de Setembro, constituindo deste modo um
feriado distrital.
CONFIGURAÇÃO TERRITORIAL DO DISTRITO DE LAGOA CLARA
O território do
distrito de Lagoa Clara pertence à jurisdição do município de Macaúbas – BA
(conforme mapa 10), localizado próximo às margens do rio Santo Onofre e faz
limites do município de Macaúbas com o município de Riacho de Santana, a oeste;
Igaporã, a sul, e com os municípios de Botuporã e Tanque Novo, a leste.
[1] A Grande Seca de
1932 iniciou-se de fato em 1926, com um breve intervalo em 1929, se
configurando em verdadeiro cataclismo socioeconômico na Região Nordeste, cuja
calamidade fez com que o flagelo, tantas vezes repetido, assumisse proporções
devastadoras, principalmente à população carente. Fonte:
http://www.marcoslacerdapb.hpg.ig.com.br/romero/ro11.htm. Acesso em: 20 de Março
de 2011 às 19h40min
AS CONTRADIÇÕES NO TERRITÓRIO (AS CONTRADIÇÕES NO TEMPO E NO
ESPAÇO)
O distrito de
Lagoa Clara é um território de contradições, pois este segundo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), pertence ao município de
Macaúbas, no entanto, segundo pesquisa de campo e informações passadas pelos
moradores locais parte do distrito é administrado por Riacho de Santana ou
Tanque Novo, ainda conforme as referidas fontes a administração de Macaúbas não
fazia investimentos em determinados povoados, como: na infraestrutura, na
educação, saúde, etc, deixando-os abandonados, então a população buscou
alternativas e com isso os administradores destes municípios passaram a
administrar estas localidades e fazendo investimentos.
Atualmente estes
povoados do distrito de Lagoa Clara perderam quase totalmente vinculo com o
distrito e com o município de Macaúbas, tanto quanto economicamente e
culturalmente.
Fato que
contribuiu para o município de Riacho de Santana conseguir anexar parte deste
território de Lagoa Clara a sua jurisdição no final de 2012, através de decreto
do governo do estado da Bahia.
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Mapa 02 - Distrito de Lagoa Clara Macaúbas – BA – 2000
REFERÊNCIAS
CENTRO DE ESTATÍSTICAS E INFORMAÇÕES. Informações
Básicas dos Municípios Baianos: Região Chapada Diamantina. Salvador:
CEI, 1994.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Enciclopédia dos Municípios Brasileiros.
Rio de Janeiro, v. 21. p. 17 – 20. 1958.
MACAÚBAS. Disponível em:
http://www.macaubas.ba.gov.br/admin/app_home.php. Acesso em 09 de Março de 2011
às 15h50min.
SECA DE 1932. Disponível
em: http://www.marcoslacerdapb.hpg.ig.com.br/romero/ro11.htm. Acesso em 20 de
Março de 2011 às 19h40min.
SILVA,
Uilson Magalhães. A História do Distrito
de Lagoa Clara. Caetité – BA: Gráfica Editora e Papelaria Globo, 2000.
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E
SOCIAIS DA BAHIA. Evolução Territorial e Administrativa do Estado da
Bahia: Um Breve Histórico. Salvador: SEI, 2001.
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E
SOCIAIS DA BAHIA. Informações Básicas dos Municípios Baianos: Região
Chapada Diamantina. Salvador: SEI, 2000.
Visitei Lagoa Clara em 2005 por ser terra de meus ancestrais José da Silva Lessa e Maria Luzia Soares Lessa, meus avós além do pai Claudionor Soares Lessa e tios. Adorei e recuperei a memória de história oral contada por meus familiares queridos.
ResponderExcluirInteressante esses detalhes históricos. Pena que a comunidade, ao longo do tempo, não foi educada para valorar, preservar e manter o patrimônio cultural que o distrito representa no contexto do município de Macaúbas.
ResponderExcluirProcuro familia do meu pai afonso jose de jesus filho de andrelina rosa de jeus
ResponderExcluirProcuro familia do meu pai jose afonso de jeus filho de andrelina rosa de jesus
ResponderExcluirExistiram famílias tão importantes quanto as que foram citadas no documentário e que não foram mencionadas. Remanescentes ainda moradores da cidade, entretanto não entraram no conto da história. Mas enfim, é um relato interessante. Parabéns ao autor.
ResponderExcluirSe possível mim responder
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