quinta-feira, 4 de julho de 2013

LAGOA CLARA- ORIGEM E EVOLUÇÃO





ORIGEM E EVOLUÇÃO DO DISTRITO DE LAGOA CLARA

por: Alexandre Oliveira Magalhães
Graduado em Licenciatura em Geografia pela Universidade do Estado da Bahia – Campus VI – Caetité – BA.
imagens adaptadas por welques santana


O povoamento do atual distrito de Lagoa Clara teve início no século XIX, estes primeiros habitantes se fixaram no local atraído principalmente pelos solos férteis, campo de pastagens naturais propicia a criação de bovino, caprino e ovino, e também pela a água de boa qualidade encontrada no subsolo a pouca profundidade e em lagoas naturais. (SILVA, 2000)
A sede do distrito teve como primeiros moradores: Joaquim das Neves, Inácio Loiola e Herculano Silva Lessa com suas respectivas famílias e as casas mais antigas com arquitetura do século XIX ainda existentes estão localizados na Praça da Igreja de Senhora Santana, (conforme figura 01) atualmente propriedades de Antônio Oliveira Filho (Nininho) e Afrânio Borges, este ultimo reside na cidade de Macaúbas. (SILVA, 2000)


Figura 01 - Casa de Arquitetura do Século XIX
Localizada na Praça Senhora Santana - 2010
Fonte: Pesquisa de campo, 2010
Foto: Alexandre Oliveira Magalhães, 2010

Entre os anos de 1815 e 1820 houve um rápido processo de aglomeração populacional, sendo uns dos fatores que contribuíram para a criação do distrito em 1822, com o topônimo de Arraial Santana de Lagoa Clara, por ter Senhora Santana como padroeira do novo distrito, conforme figuras 02 e 03. (SILVA, 2000)
 




Figura 02 - Igreja Senhora                                                  Figura 03 -  Igreja
Santana de Lagoa Clara -frontal- 2010                           Senhora Santana -lateral- 2010  

O nome Lagoa Clara é referência a uma lagoa natural de águas cristalina, atualmente conhecida com o nome de Lagoa Redonda, conforme pode ser visto na figura 04, que segundo informações de moradores mais antigos a referida lagoa foi quem deu o nome ao distrito.




Figura 04 - Lagoa Redonda – Lagoa Clara – Macaúbas – BA - 2010
Fonte: Pesquisa de campo, 2010
Foto: Alexandre Oliveira Magalhães, 2010

No inicio da década de 1930, Lagoa Clara sofre uma grave crise relacionadas especialmente aos fatores socioeconômicos, sobretudo pelo fato destes serem de forma incipientes baseados na pecuária e na agricultura de subsistência, esta crise foi causada principalmente pela seca que comprometeu a produção e a economia do lugar e que foi aprofundada pela ausência de uma política publica, especificamente da administração do poder local, para resolver os problemas que afetaram de forma expressiva a qualidade de vida da população do distrito, que segundo SILVA (2000) e informações dos moradores este período ficou conhecido popularmente como a “Fome de 32”[1].
Em 1936, Lagoa Clara perde a condição de distrito do município de Macaúbas, situação que se mantem até 1953, quando é restabelecida a sua condição de distrito novamente pela Lei Estadual nº 628 de 30 de dezembro de 1953, para o período de 1954 a 1958 e condição que continua até os dias atuais. (IBGE, 1958; SILVA, 2000)
Outro aspecto importante diz respeito à implantação do cartório que ocorreu no ano de 1830 e funcionou até o ano de 1943 quando foi transferido para Botuporã e sendo restaurado em 1953, mesmo ano que Lagoa Clara volta à condição de Distrito e funciona até os dias atuais.
A primeira escola construída data da década de 1920 (o prédio não existe mais), em 1938 houve uma reestruturação da educação quando foi construído um novo prédio no povoado e no fim da década de 1940 o lugar era contemplado com uma Escola Estadual. Esta por sua vez teve sua estrutura comprometida em virtude de uma forte chuva no fim dos anos de 1960, então foi demolida e construiu em seu lugar a Escola Municipal de Lagoa Clara, atualmente Escola Municipal Professora Alcides Leão Costa e na década de 1980 é construído o Colégio Municipal Laudelino Batista Nobre para o funcionamento do ensino fundamental completo (alfabetização ao 9º ano). (SILVA, 2000)
Na sequência destacam-se alguns aspectos relevantes para a história de Lagoa Clara: a construção do posto de saúde em 1978; a implantação do sistema de energia elétrica em 1986; instalação do sistema de água em 1990; o Posto Telefônico em 1993 e os Correios em 2001, tudo isso na sede do distrito. E nos povoados de Capão, Lagoa Comprida e Quebra a implantação do sistema de água encanada em 1996 e em Beira Rio no ano de 2001, também em 2001 foi instalado e ampliado o sistema de energia elétrica nos povoados do Quebra, Lagoa Comprida e Capão e em 2007 foi instalada a energia elétrica em Beira Rio.
Outro fato que está na memória dos moradores do distrito até hoje, é a festa realizada para comemorar o retorno da imagem de Senhora Santana, padroeira do distrito que tinha sido roubada, fato que comoveu todo o distrito e as localidades circunvizinhas, esta festa religiosa ocorreu no dia 13 de setembro de 1985, e a partir desta data o feriado de Santana em Lagoa Clara foi transferido de 26 de Julho para 13 de Setembro, constituindo deste modo um feriado distrital.

CONFIGURAÇÃO TERRITORIAL DO DISTRITO DE LAGOA CLARA

O território do distrito de Lagoa Clara pertence à jurisdição do município de Macaúbas – BA (conforme mapa 10), localizado próximo às margens do rio Santo Onofre e faz limites do município de Macaúbas com o município de Riacho de Santana, a oeste; Igaporã, a sul, e com os municípios de Botuporã e Tanque Novo, a leste.


[1] A Grande Seca de 1932 iniciou-se de fato em 1926, com um breve intervalo em 1929, se configurando em verdadeiro cataclismo socioeconômico na Região Nordeste, cuja calamidade fez com que o flagelo, tantas vezes repetido, assumisse proporções devastadoras, principalmente à população carente. Fonte: http://www.marcoslacerdapb.hpg.ig.com.br/romero/ro11.htm. Acesso em: 20 de Março de 2011 às 19h40min
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AS CONTRADIÇÕES NO TERRITÓRIO (AS CONTRADIÇÕES NO TEMPO E NO ESPAÇO)

O distrito de Lagoa Clara é um território de contradições, pois este segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), pertence ao município de Macaúbas, no entanto, segundo pesquisa de campo e informações passadas pelos moradores locais parte do distrito é administrado por Riacho de Santana ou Tanque Novo, ainda conforme as referidas fontes a administração de Macaúbas não fazia investimentos em determinados povoados, como: na infraestrutura, na educação, saúde, etc, deixando-os abandonados, então a população buscou alternativas e com isso os administradores destes municípios passaram a administrar estas localidades e fazendo investimentos.
Atualmente estes povoados do distrito de Lagoa Clara perderam quase totalmente vinculo com o distrito e com o município de Macaúbas, tanto quanto economicamente e culturalmente.
Fato que contribuiu para o município de Riacho de Santana conseguir anexar parte deste território de Lagoa Clara a sua jurisdição no final de 2012, através de decreto do governo do estado da Bahia.
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Mapa 02 - Distrito de Lagoa Clara Macaúbas – BA – 2000



REFERÊNCIAS

CENTRO DE ESTATÍSTICAS E INFORMAÇÕES. Informações Básicas dos Municípios Baianos: Região Chapada Diamantina. Salvador: CEI, 1994.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro, v. 21. p. 17 – 20. 1958.

MACAÚBAS. Disponível em: http://www.macaubas.ba.gov.br/admin/app_home.php. Acesso em 09 de Março de 2011 às 15h50min.

SECA DE 1932. Disponível em: http://www.marcoslacerdapb.hpg.ig.com.br/romero/ro11.htm. Acesso em 20 de Março de 2011 às 19h40min.

SILVA, Uilson Magalhães. A História do Distrito de Lagoa Clara. Caetité – BA: Gráfica Editora e Papelaria Globo, 2000.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Evolução Territorial e Administrativa do Estado da Bahia: Um Breve Histórico. Salvador: SEI, 2001.

SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Informações Básicas dos Municípios Baianos: Região Chapada Diamantina. Salvador: SEI, 2000.





6 comentários:

  1. Visitei Lagoa Clara em 2005 por ser terra de meus ancestrais José da Silva Lessa e Maria Luzia Soares Lessa, meus avós além do pai Claudionor Soares Lessa e tios. Adorei e recuperei a memória de história oral contada por meus familiares queridos.

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  2. Interessante esses detalhes históricos. Pena que a comunidade, ao longo do tempo, não foi educada para valorar, preservar e manter o patrimônio cultural que o distrito representa no contexto do município de Macaúbas.

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  3. Procuro familia do meu pai afonso jose de jesus filho de andrelina rosa de jeus

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  4. Procuro familia do meu pai jose afonso de jeus filho de andrelina rosa de jesus

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  5. Existiram famílias tão importantes quanto as que foram citadas no documentário e que não foram mencionadas. Remanescentes ainda moradores da cidade, entretanto não entraram no conto da história. Mas enfim, é um relato interessante. Parabéns ao autor.

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